Sem categoria – Safira Andrade

IMPORTÂNCIA DA SAÚDE BUCAL PARA O PACIENTE IDOSO

A situação de saúde bucal dos idosos brasileiros é precária e pode ser observada tanto pelo quadro epidemiológico quanto pela ausência de programas voltados para esse grupo populacional. Isto porque, a Odontologia de antigamente era baseado no modelo “curativo, onde a intervenção era realizada no intuito de curar. Por isto, tinhamos alto índice de extrações, restaurações , e como consequência, hoje temos muitos idosos  sem dentes.

Mas, com certeza, o  idoso que teve mais acesso, maior consciência e cuidado bucal  durante a sua vida, tem uma melhor condicão de saúde bucal na velhice.

Quais são os problemas bucais mais comuns nos idosos ?

Em primeiro lugar, aqueles relacionados a doenças incapacitantes, tanto cognitivas, quanto motoras gerando uma dificuldade de higiene oral.  Esta dificuldade de higiene oral pode causar: cáries, doença periodontal (perda dos tecidos de suporte) amolecimento dos dentes e perdas dentárias). Além disto, lesões de tecidos moles (ulcerações traumáticas e infecções etc.), próteses mal adaptadas e  sem higiene adequada.

A xerostomia , ou sensação de boca seca é um dos sintomas mais comuns em pacientes idosos e gera grande impactos na qualidade de vida do idoso. 

A saliva tem função importantíssima no equilíbrio do meio oral, proteção das mucosas (principalmente para pacientes que usam prótese).  A sua falta provoca : distúrbios na fala, mastigação e deglutição, aumenta risco de feridas orais (próteses), altera o ambiente bucal (ph) , deixando mais ácido , predispõe a infecção secundária – sapinho (cândida), ardência bucal, e fissuras.

As causas estão relacionadas com idade, medicamentos utilizados, pode ocorrer em virtude de desidratação, destruição das glândulas salivares por radioterapia ou doenças sistêmicas. 

Seu tratamento geralmente é paliativo, com o controle das complicações locais, como cáries, ulcerações e infecções nas mucosas. Também fazemos estimulação de fluxo salivar  através de  gotinhas de limão ou frutas azedas,  uso de bochecho a base de bicarbonato, saliva artificial  e LASER.

Síndrome da Ardência bucal, ou sensação de ardência ou queimação na língua é um sintoma relativamente comum, especialmente depois de se ingerir uma bebida muito quente, como café ou leite quente, que acaba queimando o revestimento da língua. No entanto, esse sintoma também pode surgir sem uma razão aparente, podendo indicar algum problema de saúde como deficiência nutricional, falta de saliva, ou infecção fúngica. 

O tratamento também se baseia no controle dos sintomas e das causas.

O laser também é efetivo nestes casos.


Quais os cuidados importantes na rotina de higiene oral do idoso?  

Muitas vezes é necessária a reorientação de procedimentos de higiene bucal considerando-se as limitações do indivíduo: adaptação de cabos de escovas, instrumentos para facilitar a passagem de fio dental, uso de substâncias preventivas e terapêuticas (principalmente fluoretos e clorexidina). O uso associado de fluoretos e clorexidina, nas suas diversas apresentações (solução para bochechos, dentifrício, verniz ou gel, com diferentes concentrações) e posologias, é indicado para pacientes idosos de alto risco.

As próteses devem ser limpas diariamente com escovaçao e imersão em soluções próprias de limpeza. O hipoclorito diluído em água (1 colher de chá para 250 ml de água) pode ser utilizado.

Importante ressaltar a importância das visitas regulares ao dentista, (idealmente de 6 em 6 meses) para limpeza profissional, avaliação dos riscos, medidas curativas e preventivas (para previnir infecções, e que as condições bucais gerem problemas sistêmicos.

Qual a importância da reabilitação oral do idoso:

A falta de dentes gera impacto funcional, social e psicológico no idoso.   

As escolhas dietéticas são influenciadas por estes fatores, por exemplo, muitas vezes os idosos tem que evitar algum tipo de comida devido às condições bucais insatisfatórias . A perda dos dentes ou uma dentição comprometida, podem forçar muitos pacientes idosos a alterar seus hábitos alimentares.  Exemplo: indivíduos sem dentes consomem menos vegetais, menos fibras, e mais colesterol, gordura saturada e calorias.

Além da insatisfação com a alimentação, problemas psicológicos, têm sido relatados devido à saúde bucal precária: como depressão por ausência de elementos dentais (reflexos na auto-imagem e na auto-estima), com prejuízos nos relacionamentos social, familiar, amoroso e professional,  e até o isolamento. 

Além do aspecto funcional, a auto-estima é importante para que ocorra mudança de hábitos no processo de promoção de saúde.

TERAPIA FOTODINÂMICA (PDT) E SUAS APLICAÇÕES NA ODONTOLOGIA

Os laseres já vêem sendo utilizados para inúmeras aplicações na Odontologia pois oferecem inúmeras vantagens na nossa prática clínica diária. Já escrevi artigo sobre laser neste blog.

A informação que muitos ainda não sabem, é que os laseres de baixa potência ainda possuem uma outra alternativa de uso: na terapia chamada de fotodinâmica ou  PDT (do inglês, Photodynamic Therapy).

A associação de uma fonte de luz com um agente fotossensibilizador para morte microbiana é chamada de terapia fotodinâmica.

O mecanismo de fotossensibilização da PDT consiste na sensibilização das celulas microbianas pelo corante (azul de metileno), que, ao interagir com a luz e o oxigênio tecidual, geram radicais livres que induzem severos danos às células microbianas, levando à sua morte.

O protocolo de irradiação varia dependendo do tipo de infecção que estamos tratando, mas técnica é relativamente simples. O corante é aplicado na lesão e um período de tempo pré-irradiação deve ser aguardado, antes de aplicar o laser na densidade de energia adequada para o caso. 

Como a PDT tem como principal objetivo o controle microbiológico, essa terapia é indicada para todo tipo de infecção oral: – tratamento de infecções periodontais, – tratamento da herpes e candida oral, – controle da evolução de cáries, – intervenções endodônticas infectadas, – casos de peri-implantites (infecção ao redor de implantes), -manejo da halitose, ainda e no controle de infecções em pacientes oncológicos durante a quimioterapia e a radioterapia ou que apresentem necrose óssea devido ao uso de bifosfonatos.

Os resultados encontrados nas pesquisas e nos casos clínicos publicados são altamente promissores! Por isto, esta técnica é realizada de forma segura no tratamento de infecções orais de forma conservadora e eficaz !

REFERÊNCIAS

Dougherty TJ. An update on photodynamic therapy applications. J Clin Laser Med Surg 2002;20(1):3-7.

Carlos DPE. A terapia fotodinâmica como benefício complementar na clínica odontológica. REV ASSOC PAUL CIR DENT 2015;69(3):226-35.

USO DO LASER NA ODONTOLOGIA

Os laseres já veem sendo utilizados para inúmeras aplicações na Odontologia e, com os parâmetros adequados, estes oferecem inúmeras vantagens na nossa prática clínica diária. Os tipos de laseres Odontológicos podem ser de baixa ou de alta potência. Os primeiros não possuem efeitos térmicos, possuem efeito biomodulador, modulam os processos inflamatórios, promovem reparo tecidual e analgesia. 

Já os laseres de alta potência, possuem efeito térmico – calor  e promovem remoção tecidual, por isto são mais usados em procedimentos cirúrgicos. 

Neste pequeno texto, falarei resumidamente sobre os laseres de baixa potência, porque são os mais usados na prática nossa clínica diária.  

Estes laseres podem ser usados para: melhorar o pós-operatório, parestesias, paralisia facial, nevralgia do trigêmeo, trismo, disfunção temporo-mandibular (DTM), gengivite, hipersensibilidade dentinária, infecções (como a herpes ou infecções fúngicas), xerostomia (diminuição do fluxo salivar), lesões de mucosite (aftas), dentre outras. O melhor é que todas estas aplicabilidades do laser já estão embasadas em vários trabalhos científicos!   

O laser de baixa potência oferece um conforto imediato ao pacientes com dor porque age modulando o processo inflamatório, acelerando reparo tecidual. 

 A laserterapia têm sido uma das principais formas de tratamento profilático e terapêutico realizados nos pacientes oncológicos, proporcionando o alivio imediato da dor, maior conforto ao paciente e redução do tempo de cicatrização dos diversos tipos de lesões e infecções que podem acometer a cavidade oral. Especialmente com relação as lesões de mucosite (efeito colateral oral mais comum do tratamento oncológico),  diversos estudos clínicos randomizados têm mostrado a eficácia do laser de baixa potência no tratamento e principalmente na prevenção destas lesões. 

 Então, não é fantástico poder colocar esta tecnologia a favor dos nossos pacientes? 

LESÕES DENTÁRIAS NÃO CARIOSAS: A DOENÇA DA ATUALIDADE

As lesões dentárias não cariosas caracterizam-se pela perda da estrutura dental sem qualquer envolvimento bacteriano, o que significa que não são lesões cariosas. Por terem a sua prevalência e incidência aumentando a cada dia,  dentistas e pacientes devem estar atentos para os primeiros sinais desta doença. 

       Estas lesões dentárias caracterizam-se por: exposição de dentina na parte cervical dos dentes (próximo a gengiva); ou áreas de desgaste nas pontas de cúspides ou na borda incisal dos dentes anteriores, ou ainda na parte oclusal dos dentes posteriores.

Exemplo de lesão não cariosa caracterizada pelo desgaste dos centrais e da ponta dos caninos
Lesão não cariosa caracterizada pela perda do esmalte na cervical dos dentes.

       Esta perda de estrutura dentária  pode causar dor (hipersensibilidade dentinária), alteração do padrão de mordida e ainda prejuízos estéticos.

       Antigamente, acreditávamos que as lesões não cariosas eram causadas basicamente pela abrasão da escova nos dentes e por isto, sempre aconselhávamos nossos pacientes a usar escovas dentais macias. Hoje sabe-se que a etiologia das lesões não cariosas é multifatorial, e que fatores como estresse (apertamento, bruxismo, má oclusão), desgaste (causado pela escovação) e biocorrosão (causada pelo ambiente bucal ácido) estão atuando em conjunto, e a todo momento durante toda vida do indivíduo. No entanto, o equilibrio destes fatores é fundamental para que as lesões não apareçam. 

            Um paciente com lesão não cariosa deve relatar na anamnese com seu dentista: 

1) história médica detalhada – doenças gástricas, ou uso de medicamentos sitêmicos (aumentam acidez do meio bucal, além de diminuir fluxo salivar); 

2) Diário da dieta – ingestão de suco verde, frutas cítricas, energéticos (deixam meio bucal ácido, causando corrosão do esmalte); 

3) hábitos de higienização  ou hábitos de vida que podem estar causando danos aos dentes (profissão, esportes, etc);

      No exame clinico, o dentista deve procurar por sinais como: desgaste, sensibilidade dentinária, padrão de mordida alterado, dor muscular ou dor na articulação temporo-mandibular. Todos estes fatores devem ser analisados em conjunto para se estabelecer o tratamento, que consistirá primeiramente na remoção dos fatores etiológicos. 

            Após a remoção ou controle dos fatores etiológicos, o tratamento pode consistir no procedimento restaurador, cirúrgico (de recobrimento da gengiva na cervical dos dentes) ou na dessensibilização dentinária (com utilização de produtos específicos ou uso do laser). 

            A abordagem não deve ser somente restauradora, e sim, de prevenção da evolução e aparecimento de novas lesões !

O QUE MUDA NA ODONTOLOGIA COM A CHEGADA DO COVID-19?

         Diante desta pandemia causada pelo virus Sars-Cov-2, e com todas as repercussões que a doença COVID-19 está causando nas nossas vidas, na Odontologia não será diferente, ou seja, algumas coisas vão mudar na nossa forma de trabalho. 

         Falo “algumas” porque nós, dentistas, já estamos acostumados a lidar com critérios rígidos de biossegurança na nossa rotina diária. Em outras palavras, nosso consultório é um local seguro, e estaremos agora, ainda mais preparados para lidar com o corona vírus, de uma forma responsável, mas tranquila, sem pânico, pois ninguém pode deixar de ir ao dentista! 

         Vou descrever aqui algumas medidas que devem ser adotadas daqui para frente nas clínicas de Odontologia.  Inicialmente, faremos uma triagem dos pacientes antes dos atendimentos, com um questionário com relação aos sinais e sintomas da doença provocada pelo coronavírus (se teve febre, dor de cabeça, alteração do paladar ou olfato, etc), ou se teve contato com alguém com estes sintomas. O atendimento poderá ser realizado se houver negativa de todos os itens do questionário.  O paciente deve ser informado para não trazer acompanhante para consulta a menos que seja estritamente necessário.

         Os atendimentos acontecerão com intervalo mínimo de 30 minutos entre as consultas para permitir a adequada limpeza da sala de atendimento, e também, para evitar que pacientes se encontrem na sala de recepção. Todos que circulam na clínica deverão estar usando máscara e propé (para evitar que o sapato da rua contamine nosso ambiente limpo). O álcool gel será disponibilizado em todos ambientes da clínica.  Na entrada da clínica deve ser colocado um tapete para limpeza dos pés (capacho) com uma solução desinfetante adequada. 

         Ao entrar na clínica, o paciente é informado de que será executado um protocolo de cuidados contra a COVID19. Quais são estes: 1) A sua temperatura corporal será verificada por termômetros de medição sem contato na testa. Se a temperatura estiver superior a 37ºC o paciente é imediatamente liberado para ser remarcado após 21 dias; 2) A oximetria também poderá será realizada com oxímetro digital. 

       

         Antes do procedimento, o paciente realizará um bochecho com solução antisséptica, ou ainda, o dentista solicitará que paciente escove seus dentes (limpeza mecânica),com objetivo de reduzir carga viral. O dentista e o seu auxiliar estarão paramentados (com equipamentos de EPI) de forma segura para atende-lo. 

         Nosso maior cuidado na sala de atendimento é evitar que os aerossóis e gotículas geradas nos procedimentos possam ser uma fonte de contaminação. Nós dentistas, já utilizamos estratégias para diminuir a quantidade destas gotículas, durante os procedimentos .

Além disto, algumas medidas serão feitas para minimizar ainda mais este risco:

Sabemos que o tamanho do vírus é bem pequeno, e que, portanto, se abrirmos as janelas e permitirmos circulação de ar, o vírus será dissipado do ambiente. Isto será feito nos intervalos dos atendimentos, no momento em que os materiais usados serão recolhidos para esterilização, e que todas as superficies e objetos serão limpos com desinfetante próprio;

Em ambientes onde existe a dificuldade de circulação de ar, ainda podemos lançar mão de substâncias como o  “Lysoform Spray”, um desinfetante bactericida para uso geral, que é indicado para a desinfecção e desodorização de qualquer ambiente interno. 

       Todas estas estratégias farão com que nós da equipe, e todos nossos pacientes, se sintam seguros e acolhidos neste nosso retorno! 

Fontes : Manual Odontologico de Biossegurança COVID19 (Prof. Dr. Weber Adad Ricci) ; Rev. Assoc. Paul Cir Dent 2020;74(1):18-21- Cuidados Odontológicos na era do COVID-19; Journal of Dental Research – Coronavirus Disease 2019 ;COVID-19): Emerging and Future Challenges for Dental and Oral Medicine; MANUAL DE BOAS PRÁTICAS EM BIOSSEGURANÇA PARA AMBIENTES ODONTOLÓGICOS- CFO

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A ERA DIGITAL – A ODONTOLOGIA DO FUTURO

As novas tecnologias estão dominando rapidamente o mercado e revolucionando a forma como trabalhamos. Na área da Odontologia, o grande avanço está na “Odontologia Digital”

            O escaneamento das arcadas do paciente e a criação de um arquivo digital, evita a necessidade da moldagem (e da criação de um modelo de gesso), trazendo maior conforto ao paciente. Este arquivo funciona como um “banco de dente” individualizado do paciente. Ou seja, se o paciente fraturar um dente ou tiver algum problema com sua prótese, em qualquer lugar do mundo, podemos enviar o arquivo STL para o laboratório mais perto, que irá confeccionar outro dente igualzinho ao original em pouco tempo!  Não é fantástico?

            Seguindo este fluxo digital, depois do escaneamento, o arquivo (que chamamos de STL), é automaticamente enviado a um laboratório, que inicia a confecção do trabalho de forma imediata; ou seja, em menos de 24 horas o trabalho já pode ser instalado no paciente. Não é incrível? Isto evita o tempo de espera com restaurações provisórias, e também evita que o paciente tenha que ir ao dentista diversas vezes para finalizar o trabalho. 

            Vale ressaltar que o fluxo digitaltambém garante trabalhos com maior precisão, pois como são confeccionados por um sistema computadorizado, estes têm menor chances de falhas, e “discrepâncias”, as quais ocorriam quando o protético tinha confeccionar as cerâmicas em cima de modelos de gesso. 

            Outra grande vantagem, é que podemos estudar a oclusão do paciente de forma detalhada no computador (com os modelos digitais), pois eles se articulam simulando a mordida do paciente. Desta forma podemos detectar contatos prematuros, falhas na oclusão e corrigir estas falhas durante o planejamento, diminuindo as chances de erro com a restauração final! 

            Isto é só o começo! Temos certeza que a tecnologia do futuro ainda trará outros benefícios para nossos pacientes e se tornará mais acessível para a maioria da população.  Assim esperamos !! 

OSTEONECROSE RELACIONADA AO USO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES ONCOLÓGICOS





Qual a melhor conduta na prevenção e manejo da osteonecrose relacionada ao uso de medicamentos em pacientes oncológicos? Primeiramente, precisamos entender o que é a osteonecrose dos maxilares associada ao uso de medicamentos.  

Esta patologia é definida quando o paciente apresenta 3 condições: 1) fez previamente ou faz uma terapêutica com agentes antireabsortivos ou antiangiogênicos; 2) apresenta exposição óssea ou a presença de fistula intra ou extra oral que permita acesso ao osso, na região maxilo-facial, com duração superior a 8 semanas; e 3) não deve ter feito radioterapia na região cabeca e pescoço. 

E quais medicamentos no tratamento do câncer que podem causar  osteonecrose de maxilares? Os medicamentos da classe dos Bifosfonatos são utilizados como terapia adjuvante para pacientes com câncer. Este medicamento age por ligação à hidroxiapatita do osso, impedindo a reabsorção óssea. O exemplo mais comum desta classe de medicameto é o Ácido zoledrônico.  Semelhante aos bifosfonatos, o Denosumabe é um fármaco que também atua pela inibição da reabsorção óssea mediada pelos osteoclastos.  É um anticorpo monoclonal que também age impedindo o processo de reabsorção óssea, mas, diferente dos bifosfonatos, este não atua diretamente no osso. O exemplo mais comum desta classe de medicamento  é o Prolia. 

 E porque os bifosfonatos e o denosumabe levam à ocorrência de osteonecrose apenas nos maxilares e não no restante do esqueleto?Porque os maxilares são ossos sempre sujeitos a um elevado estresse provocados pelas forças da mastigação, e que necessitam de constante remodelação óssea.  Uma cirurgia dentoalveolar, ou qualquer outro fator que provoque lesão do osso alveolar vai desencadear um processo de reparação composto por reabsorção, agregação mineral e remodelação.  O processo de reparação é dependente dos osteoclastos e osteoblastos; se a diferenciação e função dos primeiros estiverem inibidas por estes fármacos, não vai ocorrer reparação, atrasando assim o processo de cicatrização, que, juntamente com outros mecanismos, como a consequente infeção do local, podem levar à ocorrência de osteonecrose. 

Quais os fatores de risco para desenvolvimento de osteonecrose por medicamento? Higiene oral precária, próteses mal adaptadas, diabetes não controladas e o uso de tabaco. Uma estimativa de risco de osteonecrose após extração dentária em pacientes oncológicos expostos a bifosfonato venoso varia de 1,6% a 14,8%;  lembrando que o tempo de exposição aos fármacos e a dose influenciam significativamente no  risco de desenvolver a osteonecrose. 

E como previnir esta patologia? Primeiramente os pacientes que serão tratados com drogas antireabsortivas (bifosfonato ou denosumabe), para neoplasias malígnas, devem ser informados quanto ao risco a desenvolver osteonecrose. 

Outras ações compreendem : 

  • A realização de uma higiene oral diária sistemática. Esta higiene oral compreende a realização de descontaminação oral através da escovação e uso do fio dental, além do bochecho diário com soluções salinas (bicarbonato de sódio);
  • Consultar um dentista antes do tratamento para que as intervenções necessárias sejam realizadas (extrações, tratamento endodôntico, terapêutica de doença periodontal, dentre outras.);
  • Para os pacientes que já estão em uso destas medicações, deve-se avaliar possíveis focos na cavidade oral, que, se existirem, devem ser tratados com antibioticoterapia e desinfecão com antibacterianos. Se a cirurgia for indispensável, ponderar de que forma e em que momento deve ser efetuada; 
  • Doentes que usam próteses dentárias deve-se avaliar possíveis locais de lesão da mucosa, provocada por pontos de maior pressão. 

# Cirurgias eletivas não devem ser realizadas durante a terapia com bifosfonatos ou denosumab em doses oncológicas. 

Devemos ou não interromper o tratamento com drogas antireabsortivas perante a necessidade de uma cirurgia odontológia?  A farmacocinética da droga deve ser levada em consideração para decisão de interromper ou não o uso da droga. Ex. Bifosfonatos (ácido zoledrônico) têm uma meia-vida longa, ou seja, fica impregnada no osso por anos, por isto, não faz sentido sua interrupção pelo ponto de vista farmacológico. Já o Denosumab tem um tempo de vida mais curto. No entanto, esta decisão deve levar em consideração a condição específica de cada paciente, balanceando o risco da interrupção do tratamento com o risco de uma possível osteonecrose.   

Um doente oncológico que recebe mensalmente bifosfonatos, não há evidência de que seja necessária interrupção da terapêutica, contudo, se o doente já tiver desenvolvido a necrose, deve considerer sua interrupção até a cicatrização. Deve ser realizada profilaxia antibiótica e desinfecção diária com antisseptico até remoção dos pontos. 

E como tratar a osteonecrose?  Nos casos mais leves, ou seja, com exposição e necrose óssea, mas sem infecção, e sem dor, o tratamento inicial consiste em medidas conservadoras que incluam uso de bochechos com antimicrobianos (clorexidina 0,12%) e  antibióticos (se indicados clinicamente), higiene oral eficaz e intervenções cirurgicas conservadoras, como por exemplo, remoção de espículas ósseas superficiais.

Já nos casos mais avançados, com exposição e necrose óssea com infecção e com dor, pode-se realizer uma intervenção cirúrgica mais “agressiva” com  ressecção do osso necrótico. Antes do procedimento, a equipe multidisciplinar deve avaliar o risco/ benefício deste procedimento. Existem  ainda terapêuticas alternativas, defendidas por diversos autores, como o uso de plasma rico em plaquetas, terapêutica com oxigênio hiperbárico, cirurgia com Er-YAG laser e terapêutica com laser de baixa dose.

O tratamento e prevenção desta doença deve ser realizado com a colaboração e parceria entre dentistas e oncologistas, garantindo que todos procedimentos dentários sejam realizados antes do início do tratamento oncológico. Consultas de rotina com dentista devem ser realizadas a cada 6 meses após início desta terapia. 

Fonte: J Clin Oncol 37:2270-2290; 2019. 

OSSEOINTEGRAÇÃO DE IMPLANTES EM PACIENTES ONCOLÓGICOS

Muitas pessoas têm dúvidas com relação à reabilitação oral com implantes em pacientes pós radioterapia na região de cabeça e pescoço.

Por isto resolvi escrever este texto informativo para esclarecer algumas dúvidas.

Na radioterapia, a dose de radiação é um dos aspectos que tem grande influência na osseointegração de implantes.  A utilização de altas doses de radiação origina maiores danos, devido ao fato da radiação não distinguir as células benígnas das celulas tumorais e causar destruição de tecido saudável.

No osso, ocorre um desequilíbrio das atividades osteoblástica (formação óssea) e osteoclástica (remodelação óssea), havendo um aumento do processo destrutivo e diminuição do número de células ósseas (osteócitos) após a radiação. Os osteoblastos são mais radiosensíveis que os osteoclastos, por isto, muitas vezes o processo da formação da matriz óssea fica estagnado, não ocorrendo mineralização, aumentando assim as chances de fraturas ósseas e osteorradionecrose.

Os vasos sanguíneos sofrem fibrose vascular, resultando numa diminuição da vascularização, comprometendo a vitalidade do osso,  aumentando risco de infecção e diminuindo a capacidade de regeneração óssea.

Geralmente a dose normal de radiação ionizante varia entre 50 a 70 Gy, fracionada em doses diárias de aproximadamente 2 Gy, o que permite distribuir, em um período de 4 a 7 semanas, a dose total recomendada. 

Segundo alguns autores, doses de radiação maiores do que 55 Gy resultam em uma redução significativa da taxa de sobrevivência de implantes colocados após o tratamento.  Esta perda dos implantes ocorre principalmente devido à infecção ou perda óssea assintomática na área peri-implantar, resultando na perda da integração.

Não existe um intervalo específico entre a última radiação e a colocação do implante, para garantir menor risco de osteonecrose, no entanto, muitos trabalhos mostram  uma média de 24 meses de intervalo.

O local anatômico da colocação dos implantes também influencia na osseointegração. Apesar da mandibula ser uma área mais susceptível à necrose,  esta região se mostra com maior taxa de sucesso na osseintegração de implantes, devido à sua maior densidade óssea e maior volume, o que fornece maior estabilidade ao implante. As diferentes taxas de sucesso indicam que a maxila é mais afetada negativamente pela radiação. 

Atualmente existe um tratamento disponível para pacientes irradiados com objetivo de melhorar a recuperação dos tecidos, que é a terapia adjuvante com oxigênio hiperbárico (OHB).  Esta terapia resulta em um aumento de tensão de oxigênio no osso isquêmico irradiado e promove a angiogênese (formação de vasos) bem como formação óssea, melhorando a capacidade regenerativa e o processo de osteointegração.  O oxigênio hiperbárico deve ser usado de forma preventiva, sempre previamente à cirurgia de colocação do implante.  O protocolo da terapia OHB após a radioterapia inclui 20 a 30 sessões antes da cirurgia do implante, e 10 minutos depois da cirurgia, com oxigênio 100%.

Finalmente, a evolução das técnicas cirúrgicas de implantes nos últimos anos têm contribuído para o aumento da taxa de sucesso nos pacientes que passaram por radioterapia, sempre levando em consideração fatores como: dose de radiação, intervalo de tempo pós radiação e, eventualmente, a terapia com OHB.

Fonte:  Nooh, N. (2013). Dental Implant Survival in Irradiated Oral Cancer Patients: A Systematic Review of the Literature. The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants, 28(5), 1233–1242. doi:10.11607/jomi.3045 

QUAL CREME DENTAL VOCÊ UTILIZA ?

Como escolher o creme dental mais adequado diante de tantas opções no mercado?  Primeiramente é importante saber que devemos ter uma boa higiene oral independente do creme dental utilizado. Este deve servir como aliado, coadjuvante à ação mecânica de limpeza (escova de dente e fio dental).

A maioria dos cremes dentais do mercado possui os seguintesingredientes principais: agente abrasivo ou agente de polimento (carbonato de cálcio) espumante ou detergente (Lauril Sulfato de Sódio), umectante (glicerina), edulcorante (sorbitol ou sacarina sódica) solvente (água ou álcool etílico), aromatizante e um agente terapêutico (fluoreto de sódio).Além destes componentes básicos, os fabricantes adicionam outras substâncias ou princípios ativos que criam propriedades especificas para que estes cremes possam ser utilizados em diferentes situações clinicas, como por exemplo, diminuição da placa bacteriana, diminuição do cálculo dental, redução da inflamação gengival, diminuição da halitose, diminuição da sensibilidade dentinária ou na remoção de manchas extrínsecas. 

Levando-se em consideração que muitas pessoas têm dificuldades na higienização dos dentes e no uso de fio dental (principalmente em  áreas de difícil acesso), o efeito antibacteriano associado ao creme dental é extremamente benéfico.  As substâncias mais utilizadas para este fim são o Triclosan e o Fluoreto estanhoso. 

Outra substância que também tem ação antibacteriana é o sistema “Polyfluorite” , composto de flúor e “Cristais Active Clean”, presente no creme dental Oral B Pro-Saúde®. 

A má higiene bucal leva a doenças inflamatórias bucais como a gengivite ou periodontite.  É interessante que o creme dental também garanta menores graus de inflamação através de efeito antiinflamatório.Neste caso também, a substância mais estudada para este fim é o Triclosan. O Triclosan tem uma melhor ação antiflamatória do que antiplaca, ou seja, pacientes portadores de gengivite, periodontite ou mucosites podem se beneficiar com os efeitos do Triclosan nos cremes dentais.

Agentes antiplaca e antiinflamatórios também reduzem a halitoseou o mau hálito. Os dentifrícios que contém o composto Triclosan também apresentam melhores resultados na redução da halitose.  Alguns cremes dentais que contém Triclosan são da linha Colgate Total 12®.

Em casos de dentes sensíveis, o uso do creme dental adequado é importantíssimo. Os cremes dentais tem uma ação importante na redução de hipersensibilidade, pois são veículos de aplicação tópica do produto várias vezes ao dia. Para esta finalidade as substâncias que mais se destacam são: os sais de potássio (Colgate Sensitive®, Sensodyne Pro-Esmalte®), os sais de estrôncio (Sensodyne Rápido Alívio®), fluoreto de sódio (a maioria dos cremes dentais possui Flúor), fluoreto de estanho (Oral-B Pro-Saúde®) ou a combinação de arginina-carbonato de cálcio (Colgate Sensitive Pro-Alivio®).

Um outro efeito dos dentífricos, muito explorado pela mídia atualmente é seu efeito clareador ou removedor de manchas. Este efeito se dá via agentes abrasivos, os quais evitam a deposição de manchas ou fazem a remoção de manchas leves. No entanto, o uso prolongadodestes cremes pode causar desgaste do esmalte e consequentemente sensibilidade dentinária. Alguns cremes dentais para clareamentosão: Colgate Total 12 Whitening Gel®, Sorriso Dentes Brancos®, Sensodyne Branqueador®.

A maioria das pessoas não tem estes conhecimentos e escolhem o seu creme dental  baseado no sabor, aparência, ou influenciadas pelos meios de comunicação.

No entanto, o creme dental deve ser encarado como agente preventivo-terapêutico, por isto procure seu dentista e tire suas duvidas!

PRINCIPAIS TRATAMENTOS PARA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

Saibam quais são os tratamentos mais utilizados para dores causadas por disfunção na articulação temporomandibular:

-Placas de mordida

São placas miorrelaxantes interoclusal rígidas de acrílico, moldadas segundo o formato da arcada dentária do paciente. Elas ajudam a restringir os movimentos dos músculos mastigatórios durante a noite  e a reduzir o atrito que provoca o desgaste e o abalo dos dentes.

A mais utilizada é a placa estabilizadora lisa, indicada principalmente para pacientes que apresentam bruxismo durante o sono, quando o paciente range ou pressiona os dentes enquanto dorme. 

-Técnicas de relaxamento

Técnicas de relaxamento são muitas vezes recomendadas a pacientes que sofrem de DTMs.   As orientações podem ser passadas pelo próprio dentista ou ainda por psicólogos e fisioterapeutas. Segue aqui algumas delas: 

1) Exercício de abrir e fechar a boca: com a postura ereta, coloque a língua no céu da boca e  em seguida, tente abrir a boca com a língua ainda na mesma posição, enquanto isso respire e expire  lentamente por alguns segundos, abrindo s fechando a boca.  Repita o exercício umas 10 vezes. 

2)Massagem  da área do maxilar onde há dor com as pontas dos dedos em movimentos circulares;

3)Exercícios com as bochechas: encha as bochechas de ar e movimente este ar dentro da boca de um lado para o outro. Repita umas 10 vezes. Assim irá relaxar outros músculos da face. 

4)Boceje muito! É um ótimo alongamento para musculature da face. 

-Medicamentos

Em ocorrência de dor, são prescritos analgésicos, anti-inflamatórios e miorelaxantes. Para casos agudos, com componente emocional envolvido,    também podem ser utilizados fármacos do tipo benzodiazepínicos, anticonvulsivantes e  antidepressivos. Porém, não há nenhuma droga de primeira eleição e os fármacos são utilizados por um período curto de tempo, pois pode levar a dependência química e recidiva àapós suspensão

 

-Cirurgia

A cirurgia nunca é a primeira opção, pois existem diversas terapias minimamente invasivas que devem ser realizadas antes de propor um tratamento cirúrgico para o paciente. Procedimento cirúrgicos são indicados apenas em casos extremos de DTMs, como fraturas tumores, dentre outros problemas.

-Dieta macia

Principalmente após procedimentos cirúrgicos para tratamento de DTMs, os especialistas recomendam a adoção de uma dieta macia, ou seja, uma alimentação que não force as articulações temporomandibulares.  Esta dieta macia deve ter prazo estipulado, a mastigação de alimentos com consistências variadas também é importante para o funcionamento das arcadas bucais. 

-Termoterapia

A termoterapia usa calor como mecanismo principal, provocando vaso dilatação, o que facilita a oxigenação das áreas afetadas, reduz os sintomas musculares e efeito sedativo sobre os nervos motores.

A terapia de contraste pode ser associada a outros tratamentos para tratar a DTM. Compressas frias são utilizadas principalmente após um trauma. Compressas quentes, por outro lado, podem conter dores por promover a vasodilatação do local e, consequentemente, a eliminação de substâncias químicas que favorecem o quadro. 

-Fisioterapia

A fisioterapia tem uma importância substancial no tratamento das disfunções temporomandibulares e do bruxismo. As diversas técnicas de terapia manual e modalidades de eletroterapia são fortes aliados capazes de restabelecer as funções normais do aparelho mastigatório e eliminar os sintomas. A hiperatividade dos músculos mastigatórios nos “bruxômanos” ocasiona freqüentes isquemias musculares que levam a desperdícios metabólicos e, conseqüentemente, à fadiga e dor muscular.

-Laserterapia

A laserterapia funciona através da bioestimulação de pontos da articulação e de músculos afetados pela DTM. Assim como métodos com ultrassom e de eletroterapia, ela atua na dor do paciente. Seu uso depende do diagnóstico, por isso, o acompanhamento do dentista é fundamental.

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